Em um bar de beira de estrada qualquer na Sweet Road, apenas mais uma solitária condenada ao azar afogando suas lágrimas em bebidas baratas. Evidente, por amor, amor barato mais barato que esse Whisky, deu seu ultimo gole de desprezo.
-Ler as pessoas não se torna algo fácil neste lugar, beber
para esquecer ou para comemorar, e assim é o ciclo da vida, não?
Franzi as sobrancelhas, quem era ele para interromper minha
infelicidade desse jeito? Quem era ele para atrapalhar minha solidão? Já que
entrou em cena, nada mais educado que oferecer um cigarro, apenas ficamos ali,
calados, com desprezo evidente um pelo outro, uma típica sexta-feira solitária.
Seu sorriso amarelado era tão sarcástico que se tornava insuportável, tanto que
não me incomodaria em acertar a cara desse sujeitinho mal apresentado. Joguei o
cigarro no cinzeiro e levantei em direção a porta.
- Não vai nem deixar leva lá para casa?
- Não desiste, não é?
-Primeiro as damas. – E não
era apenas o sorriso enjoativo, o sarcasmo era ele.
Bati a
porta, e logo atrás... bem, já dá pra se imaginar.
–
A noite ainda é uma criança, querida.
– Gozado, lugar de criança essa hora deveria ser na cama. – Irônia, uma
forma elegante de ser má.
– Posso coloca-lá pra dormir, contar historinha e dar beijinho de boa
noite, que tal? – Agora faltava pouco para quebrar esse cara, paciência é uma
virtude, só não abuse dela. Preferi manter-me em silêncio.
–
Bom, na minha casa ou na sua?
– E quem lhe disse que vamos?
- Não disse que vamos, só estou perguntando.
– Na minha
é claro. –
– E
porque não na minha?
–
Porque provavelmente você deve morar em um desprezível apartamentozinho cheio
de livros amarelados, na minha é claro.
–
E o que vamos fazer lá, querida?
– Deixo você me por para dormir, contar historinha e dar beijinho de boa
noite, que tal?
Ele riu.
- Com camisinha ou sem?
- Sem.
* * *
Minhas ultimas palavras em
uma daquelas clichês cartas de suicídio:
Por mais simples que as coisas pareçam, eu não sou do tipo que
esquece do dia pra noite ou que diz eu te amo sem amar, não é assim, eu não
consigo superar o que um dia teve um imenso valor para mim e que ainda tem, eu
não consigo fingir amar outra pessoa usando-a para superar e logo mais não
consigo sempre fingir ser forte, sorrisos falsos podem pesar mais que lágrimas
não derramadas. Essa é a verdade.
Você jogou meu amor no lixo, e ainda sim não consegui parar de te
amar.
Eu Atirei.