Capitulo 03.

 Velhas monotonias de sempre.


“Temos um passado, mas não um futuro, e lembrar não irá me levar há algum lugar, não há como voltar aquela noite. Repetidas e repetidas vezes eu voltei para casa atento pelos seus sinais, em busca de qualquer vestígio de você, procurei por mais vezes do que possa contar e com o tempo tudo começou a ter a mesma aparência”

- VICENT! SERÁ QUE DÁ PRA ACORDAR?! Terra chamando!
- Hã? Ah, bom dia Elena.- disse meio sonolento.
- Você deveria parar com isso, parar de pensar naquela moça, já está ficando fora das orbitas.
- E quem disse que estava pensando nela, maninha? – Perguntei.
-Com essa cara? Nem precisa.
- Bom, que seja, você tem que ir para a aula e eu tenho que trabalhar – dei-lhe um beijo na testa – Direto para casa mocinha.
- Pode deixar Vih. – Seguiu-se pelo barulho da porta.
Já era de se esperar que ficasse sozinho pelos minutos seguintes, apreciando o sabor daquele café fumegante e com a trilha sonora do tic-tac do relógio ao fundo me avisando que hora estava correndo e eu não tinha tempo a perder, dei um ultimo gole e sai para o trabalho. Desci as escadarias do prédio, três andares para ser mais exato,  e como de costume cumprimentei o porteiro, a manhã estava cinza quando visualizei pela primeira vez ao dia o céu, pensei comigo mesmo que deveria começar a ter o habito de carregar guarda-chuva ainda mais quando o tempo estivesse ameaçando chover, mas guarda-chuvas para mim são apenas tralha, gosto de sentir a chuva tocando minha pele, mas precisava chegar seco ao trabalho caso não quisesse ser demitido, dei um riso sarcástico. Por sorte, o estúdio não ficava longe, tampouco precisava andar até lá
- Vicent, meu querido, se incomodaria de tratar essas fotos pra mim? - Mau havia colocado os pés para dentro quando a Sra. Marta já ia dando ordens me entregando o cartão de memória da câmera onde se encontravam as fotos acabadas de sair do forno. – São do book da nova modelo e a revista quer ter logo tudo em mãos para a próxima edição, poderia se apressar, querido?
- Claro Sra. Marta, vou agora mesmo. – Afirmei. Segui para o computador e o liguei.
Trabalhar para Sra. Marta não era lá um trabalho muito bom, mas pagava bem. Ora ela me deixava fotografar ou a maioria das vezes apenas ajudava com aquelas modelos magrelas que todos vêem como “modelo de beleza”, o que há de beleza naquilo? Elas mal comem! Com certeza não era o tipo de “beleza” que eu admirava. E então me lembrei dela, Raquel, como poderia esquecer, a desconhecida do beco? Ela não era modelo, mas devido à aparência esquelética de seu corpo poderia até ser comparada a uma. Logo expulsei o pensamento para longe e me concentrei no trabalho com as fotos. As horas passavam rápido e por ora tinha acabado, então o que me restara era relaxar tranquilamente na poutrona em frente ao monitor e observar o pequeno mundo a minha volta, e a alguns metros dali a Sra. Com cabelos que lembravam a miojo fotografava a boneca Barbie, cabelos louros e longos, alta e magra, olhos azuis( se é que não fossem falsos, tirando os outros volumes siliconados). Fazendo caras e bocas a cada flash, até direcionar um olhar na minha direção e sorrir com malicia, esse tipinho de perfeição me causava náuseas.
-Vicent, pode vir aqui um momento? – Indagou a baixinha com cabelos de miojo.
- Sra. Marta, sim?
- Querido, queria te apresentar a Thiffany, ela vai ser nossa modelo na viagem a New Yourk e acho que vocês vão passar um bom tempo juntos agora.
- Olá – Disse sem graça enquanto estendia a mão para Thifanny, que superou a expectativa de um aperto de mãos se jogando em mim para um abraço.
- Mas por hoje acabamos, já estão dispensados minhas crianças – Disse Marta – Mas acho que vocês vão querer esperar a chuva passar, dêem uma olhada pela janela. – Observou.

A vida continuou a seguir, bem, ela tinha de seguir. No fim Raquel foi apenas mais uma daqueles estranhos que sem querer as vezes você esbarra na rua e por um presente momento, um pequeno momento fez parte de sua vida e logo, vai embora. Na semana seguinte em que ocorreu nossa viagem a New Yourk, Elena nos acompanhou e  ver Thifanny se tornou rotina, uma rotina chata cujo Elena desprezava, aparentemente a modelo “Barbie” deixava minha irmã enjoada.

- Ela não serve para você, além de ser atirada me causa nojo! – Dizia todos os dias quando saímos do hotel para encontrar ela e a Sra. Marta. 
CAPITULO 03 AINDA EM ANDAMENTO! AGUARDEM CONTINUAÇÃO!

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