Nunca fui de falar olhando nos olhos das pessoas, afinal, dizem que os olhos são a porta para o coração, e eu tenho medo, muito medo de que descubram o que se passa aqui dentro, de que vejam como é a sensação de te-lo constantemente sendo esmagado, de sentir a angustia que eu sinto todos os dias e o nó presente na garganta. Medo que descubram, o quão posso ser fraca e frágil como papel, pronta para se partir ao meio por qualquer palavra dita, ou ainda, que descubram que assim como o papel eu posso cortar e fazer sangrar. Portanto se os olhos são a porta para o coração, não quero ter ninguém batendo na porta para que eu à abra. 

Vale dos suicidas.



Quebraram seu sorriso até que virasse pó, e aquele brilho que habitava em seu costumeiro olhar, já não há. Em cada canto uma dor, e cada um em seu canto, vivendo com seus desencantos. Na rua estão todos os mortos, cujo permissão não tem para morrer, usando o colar feito de corda em seu pescoço e caminhando vão ao mais profundo abismo, que se encontra no vale dos suicidas. Para onde vão todos eles, humanos tolos e cansados, querendo dormir para a eternidade em um sono profundo e sem volta. E eu os pertenço, como os filhos pertencem aos seus pais, de maneira fiel a morte até o ultimo suspiro.

Afogando-se...


Ando me afogando em esperanças e nadando futilmente contra a maré. Abaixo do horizonte queimando minha pele junto ao coração que nunca descansa, mas o paraíso está muito longe para que possa alcança-lo e então, não me importaria de permanecer em silêncio esperando a morte de braços estendidos para me abraçar na areia, há alguma diferença entre ela e o paraíso? Há no minimo algo que possa ser chamado de paraíso? Pois tudo que tenho agora é um vazio que vem com a liberdade, constantemente inundado por um sentimento de arrependimento e culpa que permanecem presos aqui dentro, me deixando tão morto quanto ontem. E preciso que liberte-me outra vez, trazendo me a vida em um momento de cada vez, afinal, esperei tempo demais até a mare abaixar, e agora, é preciso novamente aprender a andar.

O sentimento em cada palavra.


Palavras costumam ser vazias, porém, à algumas que carregam consigo sentimentos. No caminho a cada manhã,  eles estão agarrados a cada palavra e camuflados aos ouvidos esperando o momento em que você me olhe nos olhos para agarrar-se ao seu coração e fazer acreditar que isso sempre foi real. E todas aquelas nossas histórias, elas não foram apagadas pelo tempo, elas crescem com o tempo, junto com todos os nossos sentimentos, não podemos simplesmente deixa-los ir agora, são tudo o que temos, tudo o que precisamos para fazer isso dar certo. Fazer de cada momento único e eterno. 

O verdadeiro eterno

Se você pudesse ver todas as possibilidades, nós poderíamos não estar aqui parados onde começamos. Haverá amor se você quiser, talvez não como aquele livro de romance, ou quem sabe um soneto de Shakespeare, mas um amor puro e ardente capaz de fazer queimar com apenas um suave toque tudo aquilo que um dia lhe tenha causado sofrimento. Um amor que irá tornar seu céu azul e causar aquelas famosas borboletas no estomago. Mas pode o amor ir além do sempre? Pode o amor ir além de qualquer barreira imposta pelo tempo? Somos Jovens e há muito tempo para matar, e enquanto a vida vai e vem eu permaneço ao seu lado, fiel ao meu amor, o verdadeiro eterno.

Capitulo 03.

 Velhas monotonias de sempre.


“Temos um passado, mas não um futuro, e lembrar não irá me levar há algum lugar, não há como voltar aquela noite. Repetidas e repetidas vezes eu voltei para casa atento pelos seus sinais, em busca de qualquer vestígio de você, procurei por mais vezes do que possa contar e com o tempo tudo começou a ter a mesma aparência”

- VICENT! SERÁ QUE DÁ PRA ACORDAR?! Terra chamando!
- Hã? Ah, bom dia Elena.- disse meio sonolento.
- Você deveria parar com isso, parar de pensar naquela moça, já está ficando fora das orbitas.
- E quem disse que estava pensando nela, maninha? – Perguntei.
-Com essa cara? Nem precisa.
- Bom, que seja, você tem que ir para a aula e eu tenho que trabalhar – dei-lhe um beijo na testa – Direto para casa mocinha.
- Pode deixar Vih. – Seguiu-se pelo barulho da porta.
Já era de se esperar que ficasse sozinho pelos minutos seguintes, apreciando o sabor daquele café fumegante e com a trilha sonora do tic-tac do relógio ao fundo me avisando que hora estava correndo e eu não tinha tempo a perder, dei um ultimo gole e sai para o trabalho. Desci as escadarias do prédio, três andares para ser mais exato,  e como de costume cumprimentei o porteiro, a manhã estava cinza quando visualizei pela primeira vez ao dia o céu, pensei comigo mesmo que deveria começar a ter o habito de carregar guarda-chuva ainda mais quando o tempo estivesse ameaçando chover, mas guarda-chuvas para mim são apenas tralha, gosto de sentir a chuva tocando minha pele, mas precisava chegar seco ao trabalho caso não quisesse ser demitido, dei um riso sarcástico. Por sorte, o estúdio não ficava longe, tampouco precisava andar até lá
- Vicent, meu querido, se incomodaria de tratar essas fotos pra mim? - Mau havia colocado os pés para dentro quando a Sra. Marta já ia dando ordens me entregando o cartão de memória da câmera onde se encontravam as fotos acabadas de sair do forno. – São do book da nova modelo e a revista quer ter logo tudo em mãos para a próxima edição, poderia se apressar, querido?
- Claro Sra. Marta, vou agora mesmo. – Afirmei. Segui para o computador e o liguei.
Trabalhar para Sra. Marta não era lá um trabalho muito bom, mas pagava bem. Ora ela me deixava fotografar ou a maioria das vezes apenas ajudava com aquelas modelos magrelas que todos vêem como “modelo de beleza”, o que há de beleza naquilo? Elas mal comem! Com certeza não era o tipo de “beleza” que eu admirava. E então me lembrei dela, Raquel, como poderia esquecer, a desconhecida do beco? Ela não era modelo, mas devido à aparência esquelética de seu corpo poderia até ser comparada a uma. Logo expulsei o pensamento para longe e me concentrei no trabalho com as fotos. As horas passavam rápido e por ora tinha acabado, então o que me restara era relaxar tranquilamente na poutrona em frente ao monitor e observar o pequeno mundo a minha volta, e a alguns metros dali a Sra. Com cabelos que lembravam a miojo fotografava a boneca Barbie, cabelos louros e longos, alta e magra, olhos azuis( se é que não fossem falsos, tirando os outros volumes siliconados). Fazendo caras e bocas a cada flash, até direcionar um olhar na minha direção e sorrir com malicia, esse tipinho de perfeição me causava náuseas.
-Vicent, pode vir aqui um momento? – Indagou a baixinha com cabelos de miojo.
- Sra. Marta, sim?
- Querido, queria te apresentar a Thiffany, ela vai ser nossa modelo na viagem a New Yourk e acho que vocês vão passar um bom tempo juntos agora.
- Olá – Disse sem graça enquanto estendia a mão para Thifanny, que superou a expectativa de um aperto de mãos se jogando em mim para um abraço.
- Mas por hoje acabamos, já estão dispensados minhas crianças – Disse Marta – Mas acho que vocês vão querer esperar a chuva passar, dêem uma olhada pela janela. – Observou.

A vida continuou a seguir, bem, ela tinha de seguir. No fim Raquel foi apenas mais uma daqueles estranhos que sem querer as vezes você esbarra na rua e por um presente momento, um pequeno momento fez parte de sua vida e logo, vai embora. Na semana seguinte em que ocorreu nossa viagem a New Yourk, Elena nos acompanhou e  ver Thifanny se tornou rotina, uma rotina chata cujo Elena desprezava, aparentemente a modelo “Barbie” deixava minha irmã enjoada.

- Ela não serve para você, além de ser atirada me causa nojo! – Dizia todos os dias quando saímos do hotel para encontrar ela e a Sra. Marta. 
CAPITULO 03 AINDA EM ANDAMENTO! AGUARDEM CONTINUAÇÃO!

Dentre toda a estupidez humana, talvez a menos sensata seja expulsar sua sanidade. Seguindo em pleno desamparo ao despertar de sua própria mente perturbada, uma inquietude profunda a oprimir um pobre coração dilacerado, que em uma fuga frenética tenta agarrar-se impetuosamente ao pouco que lhe resta de suas virtudes. Um ato carregado de futilidade, afinal, ninguém é forte o bastante para dominar seus próprios devaneios impiedosos, nem tão fraco que não possa afugenta-los, eu o mantenho preso mas não posso controla-lo, eles se rastejam até mim e enrolam-se em volta de minha garganta reprimindo um grito de liberdade. Sinto raiva e não sou nada além de uma sombra na noite.